Contra fatos, não há argumentos. Há um alerta vermelho para o planeta e, especialmente, para a vida na Terra. O relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, sigla em inglês), atesta que o aquecimento global é mais rápido e pior do que se temia.
O estudo foi divulgado no dia 9 de agosto, elaborado por 234 especialistas de 66 países e aprovado por 195 países. Os cientistas revisaram mais de 14 mil artigos e referências publicadas para montar o documento, incluindo as pesquisas feitas nos últimos anos.
O último relatório foi divulgado em 2013 e ainda deixava em aberto se a culpa das mudanças climáticas era da influência humana. Com a nova publicação, não há mais dúvidas.
José Manuel Gutierrez, diretor do Instituto de Física da Cantábria (Espanha) e um dos coordenadores do relatório, diz que “jogamos as possibilidades e as probabilidades pela janela, e se conclui que é um fato que o aquecimento se deve à humanidade”.
Consequências
O relatório mostra os efeitos que já estão acontecendo e as previsões para os próximos anos. Em destaque, o aumento da temperatura global que poderá alcançar +1,5ºC já em 2030, dez anos antes da estimativa inicial.
Isso pode causar ações sem precedentes para a humanidade. As ondas de calor extremas, as frente frias intensas, os incêndios e as inundações devastadores que aconteceram nos últimos meses em diversos cantos do mundo ficarão ainda pior. Teve até neve no Brasil!
As emissões desses gases responsáveis pelo superaquecimento do planeta chegaram a níveis inéditos. O dióxido de carbono (CO2), por exemplo, concentra o seu maior volume na atmosfera dos últimos 2 milhões de anos.
Previsões
Os especialistas apontam vários cenários de emissões para este século. Em todos eles se espera que a barreira de +1,5ºC seja superada nos próximos 20 anos, já que os gases que estão sendo emitidos agora ainda permanecem na atmosfera durante décadas.
Já algumas mudanças impulsionadas pela emissão dos gases de efeito estufa já serão irreversíveis durante séculos ou milênios. São aquelas que afetam o aumento do nível dos oceanos e o derretimento das camadas de gelo dos polos.
Corrida contra o tempo
Se em todas as previsões, o planeta aquecerá 1,5ºC, a corrida agora é para impedir que esse número aumente. Se os países continuarem com o modo de vida atual, frear o aquecimento será quase impossível.
Por isso, o documento reitera a necessidade de reduções rápidas, sustentadas e em grande escala. Essas ações levariam de 20 a 30 anos para ter efeitos nas temperaturas globais, mas os benefícios para a qualidade do ar chegariam rapidamente.
Uma das iniciativas em andamento é o Acordo de Paris. E para cumpri-lo será preciso capturar o dióxido de carbono que já está na atmosfera. Sorvedouros naturais, como florestas, ou soluções tecnológicas são algumas das saídas.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pede que nenhuma central de carvão seja construída depois de 2021 e que os países acabem com novas explorações e produção de combustíveis fósseis. Os recursos aplicados devem ser todos transferidos para a energia renovável.
“Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe climática. Mas, como o relatório de hoje indica claramente, não há tempo e não há lugar para desculpas”, apelou Guterres.
Em novembro acontece a Cúpula Mundial do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia. O presidente da COP Alok Sharma reforça a importância desse encontro já que a “próxima década é decisiva”.
Esse é o momento de pensar mais do que nunca na vida. Fazer a nossa parte como cidadão, incentivar e motivar as pessoas à nossa volta e pressionar diariamente as autoridades locais, estaduais, nacionais e mundiais. Exigir que o olhar para o meio ambiente seja prioridade, com ações efetivas e fiscalização frequente. Não há mais tempo a perder. O futuro é agora.
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