Alimento é essencial a vida. Mas a sua produção desenfreada tem causado impactos negativos ao meio ambiente e até mesmo à saúde da população. Com a pressão da sociedade e a importância de adotar um novo modo de vida, empresas do ramo estão anunciando mudanças.
A JBS, segunda maior empresa de alimentos do mundo, comunicou que adiantou de 2030 para 2025 sua meta de desmatamento ilegal zero para a cadeia de fornecimento de bovinos. Isso vai incluir também os fornecedores terceiros nos biomas Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga. A meta de 2025 já estava estipulada para a Amazônia.
A antecipação, de acordo com o comunicado da empresa, se deve ao avanço da Plataforma Pecuária Transparente. Será utilizada a tecnologia blockchain, uma rede que registra todas as informações de envio e recebimento de dados. É criado, então, um histórico que é criptografado e auditável, tornando as transações seguras e confiáveis. A ferramenta vai estender o monitoramento aos fornecedores de gado e aos fornecedores desses fornecedores. Outra promessa é auxiliar os pecuaristas na resolução de passivos ambientais.
Além da JBS, a concorrente BRF, maior exportadora mundial de aves e a quarta maior de suínos, anunciou que tem o compromisso de zerar suas emissões líquidas de carbono até 2040.
Como pilares desse plano, a empresa vai focar na eficiência operacional e o maior uso de energia renovável. Segundo a BRF, em 2021 apenas 25% da energia consumida vinha de fontes renováveis, fatia que deve passar a 50% em 2030.
Outro ponto a ser adotado é a implementação de um plano de compra de grãos sustentável. Uma forma de garantir que eles não venham de locais associados ao desmatamento na Amazônia. Há também a promessa de se implementar programas de agricultura de baixo carbono e uso de energia solar e biogás nos mais de 9.500 produtores integrados.
Pressão ao agronegócio
As metas anunciadas pela JBS e pela BRF vêm em resposta a pressão crescente de consumidores e investidores, que ameaçam boicotar as empresas que contribuem para o desmatamento no Brasil.
Sendo o país que possui um dos maiores rebanhos comerciais do mundo, a atenção vira-se para as fazendas de gado e os meios atuais de produção, que acentuam as mudanças climáticas.
Em 2019, o setor de agropecuária respondeu por 72% das emissões de CO2 do Brasil. Além disso, o metano também é uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o World Resources Institute, cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa da produção agropecuária vem do metano liberado pelos bovinos.
Indústria alimentícia
A indústria alimentar é uma das maiores causas de desmatamento e perda de habitat de diversas espécies. A produção consome cerca de 34% do solo e 69% de toda a água disponível nos rios. Os dados são da WWF, que destaca ainda que o setor produz um terço de todos os gases do efeito estufa.
O problema da produção descontrolada é ainda maior quando abordamos o desperdício de alimentos. Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo não é consumido. O Brasil ocupa a lista dos 10 países que mais jogam comida fora. São mais de 41 mil toneladas de alimentos desperdiçados anualmente.
Não é coerente ser o país que é o segundo maior produtor de alimentos do mundo e ter milhares de pessoas abaixo da linha de pobreza. Cobrar uma produção sustentável e uma melhor distribuição dos alimentos é nosso dever. Consumi-los com consciência social também.
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