Ondas de calor x frente fria: a face do desequilíbrio climático

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Pessoas morrendo de calor no Canadá e Estados Unidos enquanto outras morrem de frio aqui no Brasil. O verão no hemisfério norte e o inverno no hemisfério sul, obviamente, sempre se contrastaram nessa época, mas o extremo das estações vem acendendo um alerta para as mudanças climáticas.


No final de junho, a Columbia Britânica canadense e o estado de Oregon, nos EUA, sofreram com uma onda de calor intensa, batendo recordes de temperatura. Ambos alcançaram uma máxima de 49,6ºC. De acordo com a Climatempo, uma temperatura que os especialistas classificam como “praticamente impossível” se o clima estivesse em seu equilíbrio. A onda de calor provocou a morte de 500 pessoas no Canadá. Nos Estados Unidos, cerca de 130 pessoas morreram.

Muitas residências na Colúmbia Britânica não têm ar condicionado, pois as temperaturas costumam ser bem mais amenas durante os meses de verão. Com dias consecutivos de recorde de calor, a população não tem estrutura para aguentar.

Em Portland, no Oregon, o serviço de bondes foi interrompido porque o calor simplesmente estava derretendo os cabos elétricos. A cidade chegou aos 46,1ºC (e não estamos falando em sensação térmica), seu maior registro até o momento.

O clima extremo foi batizado de “domo de calor”. Causado por uma onda de ar quente de alta pressão que se estende da Califórnia aos territórios árticos. O fenômeno chegou a derreter geleiras e causou um terremoto de gelo no Alasca.

Frente fria

Na mesma época, o Brasil foi atingido por uma grande massa de ar frio, chegando até mesmo à Amazônia. O Parque Nacional do Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro, registrou -14,8ºC. A cidade do Rio chegou a sua menor temperatura em 10 anos no dia 1º de julho: 8,7ºC.

Em Santa Catarina, nevou por três dias consecutivos em alguns pontos. O que não acontecia há 20 anos, de acordo com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia do estado. Em São Paulo, o frio intenso provocou a morte de 12 pessoas em situação de rua.

Mas não são só as temperaturas baixas que chamaram a atenção, não. O tamanho da massa de ar frio e sua persistência impressionaram os cientistas.

Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), disse ao jornal O Globo que “é muito raro uma frente fria ter força para ultrapassar a linha do Equador. Mas esta saiu do inverno para o verão, de um hemisfério a outro”.

Tudo o que aconteceu na América do Norte e na América do Sul é explicável, mas os especialistas não descartam que as mudanças climáticas são as grandes responsáveis. E que esse é um padrão que começará a ser comum, mesmo tendo consequências catastróficas.

O cientista da Universidade do Estado de Pensilvânia, Michael E. Mann é um dos que acredita que a onda de calor esteja fortemente relacionada ao aquecimento global. “Você esquenta o planeta, você verá uma incidência aumentada de extremos”, disse em entrevista à CNN Internacional. 

A pesquisadora Kristie Ebi, da Universidade de Washington, reforçou que conforme a emissão de gases estufa para a atmosfera aumenta mais energia é acrescentada ao sistema climático. “As ondas de calor sempre ocorreram e sempre vão ocorrer, mas temos um padrão diferente de ondas de calor agora do que tínhamos há algumas décadas”.

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