Pesquisas encontram microplásticos no corpo humano

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O plástico é um dos materiais mais usados pelas pessoas. E nós já sabemos dos seus malefícios ao meio ambiente e a vida marinha. Agora, o material pode apresentar perigo também ao corpo humano. É o que os especialistas estão tentando entender.

Parte significativa de resíduos desses polímeros não é reciclada, nem tem um destino correto após o uso. Quando o plástico é descartado de forma inadequada, durante o processo de decomposição ele solta fragmentos submilimétricos, ou seja, muito pequenininhos, conhecidos como microplásticos.

Os microplásticos têm se espalhado pelo planeta Terra, desde os oceanos aos continentes, e trazem sérias consequências para a sobrevivência de espécies da vida marinha. Agora, pesquisadores da Universidade de São Paulo (FM-USP) identificaram minúsculas partículas de plástico no pulmão humano.

Pesquisa brasileira

O estudo foi publicado na revista Journal of Hazardous Materials. De acordo com o documento, os pesquisadores analisaram amostras de 20 tecidos pulmonares, obtidas através de autópsia. Do total, 13 continham resíduos de microplásticos. Os polímeros mais encontrados foram o polietileno (plástico comum, saquinhos e filmes) e o polipropileno (embalagens, sacolas, brinquedos e eletrônicos).

Foto: Reprodução/FM-USP-Agência Fapesp

Os pesquisadores conseguiram identificar e quantificar os microplásticos com o auxílio de espectroscopia Raman. A técnica fotônica pode proporciona em poucos segundos informação química e estrutural de quase qualquer material, em alta resolução.

Mais microplásticos no corpo humano

Cientistas estadunidenses também pesquisam sobre a presença desses fragmentos. Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, encontraram partículas de plástico em todas as 47 amostras de tecidos humanos analisadas, incluindo pulmão, fígado, baço e rins. 

Outros estudos da área em humanos demonstraram que, em tese, partículas de plástico poderiam passar pelo trato gastrointestinal. Atualmente, o objetivo é descobrir se isso, de fato, acontece ou se esse material poderia se acumular nos órgãos.

Mas afinal, o plástico faz mal no nosso corpo?

Pesquisas em animais já relacionaram a exposição a micro e nanoplásticos à infertilidade, inflamação e câncer entre as espécies, principalmente marinhas. Porém, ainda não se sabe totalmente o impacto potencial na saúde humana.

No caso do estudo da USP, a contaminação dos pulmões ocorreu por meio da inalação dos microplásticos. Essa evidência deve abrir caminho para mais investigações nesta área e seus efeitos. Um dos autores do estudo contou que “os microplásticos estão presentes no ar e podem ser inalados por humanos, mas ainda não se sabe se eles têm efeitos deletérios no sistema respiratório”.

O pesquisador do Departamento de Patologia da FM-USP, Luís Fernando Amato Lourenço, completou dizendo que “o tema sobre microplásticos e saúde humana ainda é extremamente recente. Com os resultados, os pesquisadores poderão elucidar quais são os potenciais efeitos adversos desses compostos na saúde. Esse é justamente o próximo passo da nossa pesquisa na FM-USP”.

Os cientistas da Universidade do Arizona, por mais que estejam em um estudo não relacionado com o brasileiro, compartilharam a ideia.

“Nunca queremos ser alarmistas, mas é preocupante que esses materiais não biodegradáveis ​​que estão presentes em todos os lugares possam entrar e se acumular nos tecidos humanos, e não sabemos os possíveis efeitos para a saúde”.

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